Alfredo da Silva, o criador do Grupo CUF

Posted by Dueholm Alvarado on April 28th, 2021

Alfredo da Silva, o criador do Grupo CUF Foi um dos empresários mais importantes do século XX, marcando o progresso económico e social do país. Numa altura em que se assinalam os 150 anos do seu nascimento, a sua história continua a inspirar Visionário, dinâmico e com uma capacidade de trabalho ímpar, Alfredo da Silva ousou transformar económica e socialmente Portugal na primeira metade do século XX. Ao longo de décadas, contribuiu para o desenvolvimento das indústrias química e têxtil, da reparação naval, modernizou e incrementou os transportes urbanos e marítimos, apostando também no crescimento da atividade bancária e na melhoria da prestação dos serviços na área da saúde. Mas quem foi Alfredo da Silva e como se tornou numa das figuras do século XX? Filho do comerciante Caetano Isidoro da Silva e Emília Augusta Laymé Ferreira, Alfredo da Silva nasceu a 30 de junho de 1871 e, desde cedo, revelou interesse pela área comercial. Aluno brilhante, antes de terminar o Curso Superior de Comércio de Lisboa, já era uma das vozes mais respeitadas na Companhia Carris de Lisboa e no Banco Lusitano, sendo aos 21 anos um exemplo de liderança e poder de decisão, o que lhe permitia desdobrar-se em várias atividades em simultâneo. Foi durante o período em que integrou a direção do Banco Lusitano que iniciou a ligação à Companhia Aliança Fabril, primeiro como acionista, depois como administrador-gerente, empresa que acabou por ser a semente do grupo que iria construir. Paralelamente, a convite da Carris, foi ao estrangeiro e ficou a conhecer o que de mais avançado se fazia na Europa, principalmente na área industrial, e decidiu apostar na contratação dos melhores meios e especialistas para dirigir as suas fábricas. Sob o mote “Mais e Melhor”, criou a CUF – Companhia União Fabril, o maior e mais diversificado grupo empresarial do país que estendia a sua atividade à construção naval, têxteis, química, metalomecânica, minas, petróleos, tabaco, banca e seguros. Homem de muitos ofícios Já casado com Maria Cristina Resende Dias de Oliveira, e administrador-gerente da Companhia Aliança Fabril, sugeriu, em 1898, a fusão desta empresa com a concorrente Companhia União Fabril, criando a maior empresa industrial do país no setor químico. Entre os produtos fabricados, contavam-se velas e óleos vegetais, e, mais tarde, adubos. O espaço para a acolher seria o Barreiro, que se tornaria no maior complexo industrial do país. Com os negócios a correrem de feição, em 1906, Alfredo da Silva começou a delinear as bases da vasta obra social da CUF. Com o argumento de que trabalhadores satisfeitos são mais dedicados, decidiu construir uma escola, uma farmácia, um posto de socorros médicos, uma despensa que vendesse os produtos praticamente a preço de custo e uma caixa económica para benefícios de todos os trabalhadores. Mais tarde, construiria um dos primeiros bairros de trabalhadores, com despensas, refeitório, moagem, padaria e um grupo cultural e recreativo. Por entre aventuras políticas e o constante crescimento do seu império, que na década de 1910 já incluía uma frota de navios dedicada à importação, e, antes de ser vítima de dois atentados que o obrigariam a exilar-se fora do país, Alfredo da Silva casou a sua única filha com Manuel Augusto José de Mello, passo que seria fundamental na continuidade do Grupo CUF após a sua morte. Nas décadas seguintes, estendeu a atividade ao setor bancário, enquanto acionista do grupo José Henriques Totta & Cª, apostou no negócio do tabaco, com a fundação da Tabaqueira, e, já no decorrer da II.ª Grande Guerra, focou-se na reparação e construção de embarcações para as frotas pesqueiras nacionais e estrangeiras, no estaleiro na Rocha Conde D’Óbidos (mais tarde Lisnave). Ainda antes da sua morte, a 22 de agosto de 1942, tem a sua derradeira conquista ao criar a Companhia de Seguros Império. Um legado com futuro Após a morte de Alfredo da Silva, Manuel de Mello, seu genro, assumiu a liderança do grupo e estaria na base da construção do Hospital da CUF, em 1945, da Soponata, em 1947, projeto este que cobriu a lacuna do país no transporte de combustíveis, e, em 1961, a Lisnave, um dos maiores estaleiros de reparação naval a nível mundial. Alguns anos depois da revolução de 1974, que levou à nacionalização das empresas, o legado do “grande industrial” voltaria a expandir-se pelas mãos dos seus netos, através da criação de dois grupos distintos: o Grupo Sovena, de Jorge de Mello, e o Grupo José de Mello, de José Manuel de Mello. O primeiro focado na produção de azeite e óleos vegetais; o segundo, com atividades diversificadas, das autoestradas, à saúde, indústria química e produção de vinho. Hoje, quase 80 anos após a morte de Alfredo da Silva, as suas empresas continuam a caminhar e inovar, em direção ao futuro, prosseguindo o compromisso de contribuir para o desenvolvimento de Portugal. Ações que marcam uma data importante Mas o legado de Alfredo da Silva está além das atividades empresariais. Nesse sentido, como parte integrante das comemorações dos 150 anos do seu nascimento, que terão lugar entre junho de 2020 e junho de 2021, a Fundação Amélia de Mello pretende divulgar a história e vida do empresário através de várias ações. Assim, será lançado um desafio às escolas secundárias, do ensino profissional e do último ciclo do ensino básico, em colaboração com o Ministério da Educação e da Associação de Estabelecimentos de Ensino Particular e Cooperativo, sob o Alto Patrocínio do Presidente da República, a concretizar através de um concurso a decorrer no ano letivo 2020/2021.

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